sábado, 31 de julho de 2010
sábado, 10 de julho de 2010
O coelho e a rosa
Todos sabem,que toda rosa tem seu espinho.Por mais bela que seja,uma rosa pode te furar.Contudo,pior do que se furar com uma rosa,é não se aproximar dela por ela ter espinhos.Será que não se aproximar é mais prudente?Ou seria melhor arriscar?Se o espinho te furar,sangra.Se ele não te furar...é por que não nos aproximamos bem.
Apesar disso,uma rosa nunca espeta por vontade,mas sim por que sua condição natural a fez bela,mas ao mesmo tempo apta a ferir.Mas cá entre nós...quem não é assim?Quem nunca feriu sem querer?
Eis a história de alguém que não quis arriscar.
Uma rosa vivia solitária.Uma rosa muito bela,e ela o sabia.Sabia pois todos que passavam no caminho comentavam sobre a sua beleza e assim,suas pétalas cresciam mais cheias,mais volumosas.Mas era uma rosa solitária,muito solitária.
Certa vez,um coelho passou por ela,mas não falou de sua beleza.Mesmo assim,fizeram amizade,e foram vendo que muito tinham em comum.
Como que sem querer,ela foi criando um sentimento por ele.Mas ela queria ter certeza de que ele seria um bom companheiro,entao pensou ''Se o coelho aparecer aqui amanhã,com uma fita de cetim pra mim,saberei que vale a pena''.
É claro que isso não ia acontecer.Como pode um coelho lhe trazer um presente desses?Um presente que ela sempre quis receber,mas ninguém tinha dado a ela?E como ele poderia adivinhar?Bom,teria que ser algo destinado a acontecer.
E no dia seguinte,como sempre,o coelho apareceu para sua visita,e com ele trouxe o presente mais esperado que a rosa poderia querer.''Toma..trouxe pra você!Foi facil de conseguir...estava passando e essa fita de cetim caiu perto de mim.Achei que você ia gostar.''
Sim,o inesperado aconteceu.E ela mal pôde acreditar.Ele trouxe sua fita de cetim!!Mas...isso significa a certeza de um feliz pra sempre?Isso dá certeza de qualquer coisa?Ou ele simplesmente foi gentil?
Bom,um coelho vai ser sempre um coelho.E uma rosa sempre uma rosa.Com o tempo,a rosa foi definhando,e acabou secando.Por toda a sua vida,a rosa não soube se o coelho a amava.Seria por causa de seus espinhos?Ou quem sabe...ela não se fez notar,com suas belas pétalas tão cheias e volumosas?O coelho também não se esforçou,e talvez,pensou que um presente fosse o bastante para se abrir com ela.
Mas...para uma rosa,o mais belo presente nunca é maior do que aquilo que é contado com os próprios lábios.Para uma rosa,isso é muito mais valioso,pois rosas secam e murcham com o tempo.
E no final acabou como começou.Numa grande solidão.Do coelho...e da rosa.
*Ilustração de Lola Mello*
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Só falta isso acontecer....

e se acontecer,nem me surpreendo.
Estado>manipulação>nova ordem mundial>codex alimentarius>senhores do mundo
e assim vai.
Quem não entendeu precisa se informar melhor a respeito do que se passa no mundo por trás das cortinas.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Boiada humana

Quando a Praça XV se aproxima,e de longe se observa as barcas,os bois já começam a se ajuntar.E vão adestrados comprar seus bilhetes,em bando,enfiando-os na máquina e passando a roleta.
Lá dentro,perto do cais,eles se ajuntam,e ficam se apertando,e esperam o momento de embarcar.
Alguns vão para as lojas de ração,e comem ali mesmo.Outros,imóveis,olham fixos para o horizonte,observando o mar,a ponte,a ilha fiscal.Tem aqueles que mujem alto nos seus telefones celulares,e outros que se isolam em seus mundinhos escutando musicas em mp3.
E a barca se aproxima,e assim,os bois começam um movimento involuntário,de um lado para o outro,onde dá pra ver as várias cabeças formando um pequeno mar em suas ondinhas tímidas.Parece uma espécie de preparação,como que juntando energia para começar a procissão rumo à embarcação.
As porteiras são abertas,e os bois marcham para a barca.Nisso,ligam um ventilador que solta gotículas de água para o conforto a boiada.Até bois precisam se refrescar de vez em quando.Mas para aqueles que se sentem sufocados no meio de tanto boi,aquilo é um alívio,uma brechinha de ar fresco.
Entre a barca e o chão,uma pontezinha de ferro que balança com o movimento da água.Pra cima...Pra baixo...E a boiada fazendo peso na pontezinha.Não há uma só vez em que eu passe por essa ponte sem pensar como seria o desastre dela afundando com todos os boizinhos.
A boiada embarca,e o boiadeiro de colete laranja na porta dá as instruções,como se a boiada não o soubesse.Deve ser por que ele se acha um boiadeiro,quando na verdade é apenas mais um boi de colete.
(20 minutos)
Desembarcando,a boiada segue seu rumo,e mesmo quem não conhece o caminho até a rua,não precisa se preocupar,pois o bando vai te levando(mesmo tendo aqueles bois que insistem em fazer ultrapassagens perigosas,ou fechadas,que teriam sido evitadas se existisse seta para bois como existe para carros)até a saída.
E o bando vai se dispersando,cada boi seguindo seu caminho.E com a dispersão,os bois tornam-se pessoas novamente,que seguem seus rumos.Agora,cada pessoa tem o seu destino,suas ruas,seus pontos de ônibus,seus compromissos;não como antes,que eram obrigados a dividir um mesmo objetivo e um mesmo rumo.
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quarta-feira, 7 de julho de 2010
ÉVSKI se afoga em coca quente e sem gás

Estou lendo um livro, "Crime e castigo" de Dostoiévski.Não...não quero mostrar minha "cultidão",nem me gabar por estar lendo um livro grosso de um dos maiores escritores do mundo.
De fato,muito bom o livro,mas não é sobre isso que eu estive refletindo ultimamente.
Eu simplesmente amo...AMO AMO,o "évski" de Dostoiévski.E eu não sabia o quanto,até que um dia,voltando pra casa,me vi repetindo o Dostoiévski só por causa do "évski".Só de escrever me dá uma sensação de prazer que me faz querer continuar repetindo...o ÉVSKI.
ÉVSKI.
ÉVSKI.
Na verdade,esse livro é cheio de palavras legais.Também,um russo o escreveu e colocou vários elementos da sua cultura no enredo,e com isso muitas palavras legais de se falar e repetir.
Contudo,nada mais prazeroso do que o último gole de cola-cola da latinha.E essa eu me dei conta quando eu estava dando aula,e fui dar o último gole.Ali eu vi que aquele gole era o mais especial.
Eu puxava o líquido,e já estava fazendo aquele barulho de que já tinha acabado,mas eu queria mais.E meu aluno olhando."O último gole é sempre o mais gostoso",e continuei a acompanhá-lo no piano enquanto ele tocava o 3º minueto de Bach.
Mas é claro que minha cabeça estava longe.
Por que o último gole é o mais gostoso?
Ah,sim...é óbvio.
Quando se toma coca,nunca se toma direto,de uma vez.Você sempre vai tomando aos poucos.E o que acontece nisso?O gás vai saindo,e o líquido vai esquentando.E a cada vez que você segura na lata,vai esquentando mais.
A conclusão é óbvia.Coca-cola é melhor sem gás e quente.O princípio é parecido com o famoso "último biscoito do pacote".O mole,esfarelado,amassado e velho.
Os hipócritas que me chamem de louca.Mas no fundo,todos sabem que eu tenho razão.
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segunda-feira, 5 de julho de 2010
Os grilhões de medo do Muro mau

Caminhando à beira de um rio,o menino se deparou com o muro que protegia a cidade.Olhou-o de cima a baixo,e começou a se questionar sobre o que exatamente esse muro o protegia.
Ele,que nunca havia feito nada a ninguém,não precisava se preocupar com inimigos mortais.Era apenas um menino,cansado de ser protegido.
Estava decidido.Iria sair da cidade e descobrir o que havia do outro lado.Sem demora,foi passando pelo grande portão quando ouviu uma voz o chamar.
"Ei...menino!"
Era uma voz rouca,grave,pareciam pedras se arrastando pelo chão.
"Alguém me chama?" respondeu o menino com receio.
"Eu te chamo.Onde pensa que vai?Sozinho ainda por cima?"
"Não tenho medo de andar sozinho.Quero conhecer o que há fora da cidade.Mas quem me chama?"
"Não sairia se fosse você.Há muitos perigos lá fora,e não é bom que você ande sozinho.Por que você acha que me construiriam tão alto e forte?"
"Eu não ligo.Quero saber o que existe lá fora."
"Menino...escute o que eu digo.Eu sou muro há muito mais tempo que você é menino.Eu vi tudo de importante que aconteceu nessa cidade.Cada nascimento,cada morte,cada festa,cada celebração.E também sou o único que pode ver ao mesmo tempo,o que há fora dela.E lá fora,só existe o medo,a destruição e a loucura.Eu sou alto o bastante para ver reinos distantes,e suas guerras,seus soldados e toda sua perversidade .Eu vejo um mundo que você não quer nem ver,nem se meter com ele.Fique aqui,pois eu posso te proteger desse mundo tão terrível."
O menino abaixou a cabeça triste.Ele não poderia imaginar que o mundo fosse tão mau.Como pode,o mundo que ele conhecia com as belas flores e florestas,pássaros e animais,fosse assim,tão temível.
E seus pensamentos borbulhavam enquanto o muro o observava,imóvel,duro,seco,gélido.
E o menino,que era de carne,osso,sentimentos e beleza,falou para o muro:
"Muro...você está me ouvindo?"
"Estou sim."
"O mundo pode ser mau.Pode ser terrível.Pode ser péssimo.Mas você é mais ainda.Você,tenta nos proteger,mas na verdade,você nos priva de tudo que é belo que o mundo pode nos oferecer.Você nos bota medo do mundo,e só nos mostra o que é feio.E mais,Muro...nos afasta de coisas novas!Nos afasta de conhecer gente nova,e de experimentar uma nova vida!Você que é mau!O mais perverso de tudo no mundo!"
Dizendo isso,o menino atravessou o portão,e foi embora para conhecer o mundo.Não embora de verdade,pois era apenas um menino e teria que estar de volta na hora do jantar.Bom,foi pelo menos conhecer as redondezas.
E o Muro ficou lá,parado,imóvel.Nem respondeu.E nem se abalou.Também,era apenas um muro.E de um monte de pedras,não se pode esperar muita coisa.
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A flor e mundo de salgueiro
O artesão deu os toques finais.Estava pronta.A mais linda boneca!Sua obra prima,sem dúvida.Só faltava envernizar.Com cuidado deu suas pinceladas,fazendo cócegas na pequena silhueta.A vestiu com seu pequeno kimono florido,e a colocou na estante mais alta,para que ninguém mexesse.
''Essa boneca vai valer muito dinheiro!'' pensou,já se encaminhando para o centro da cidade,para comprar uma linda caixa para guardar a boneca.
Ao bater da porta,a boneca acordou num susto.Piscou o olho 2 vezes.Olhou à sua volta. ''Mas que dor nas costas!'' falou baixinho.Olhou para si mesma.Piscou mais 2 vezes.''Ora!Por que sou tão branca e pequena?E essa roupa tão apertada?''.E se inclinou,e se contorceu...se olhou de trás.''O artesão deveria ter feito minha roupa como fez da camponesa alemã.Uma saia rodada verde,com sapatinho de verniz!Cabelos longos e loiros,olhos como o céu!! Mas não,me fez de cabelos pretos num penteado esquisito,com esses olhinhos tão pequenos.Como poderei ver minha companhia?Quem irá brincar comigo?''
E assim a boneca chorou.
Vendo sua tristeza,o palhaço de cartola que viu todo o seu lamento disse ''Mas por que tanta tristeza?Não ouviu o artesão dizer que você é sua obra prima?''
''Você não entende!É um palhaço de cartola.Eu não quero ser obra prima,quero ser bonita como as outras bonecas!Olhe só,elas têm laçarotes no cabelo,saias com fitas coloridas,grande olhões coloridos,e cabelos longos que dão pra pentear...''
''Se é isso que te deixa triste,por que você não solta o cabelo,pinta seu olho e coloca um vestido com uma saia rodada?''
Por um instante a boneca parou de chorar,e começou a pensar que talvez o palhaço de cartola pudesse ter razão.
''Já que eu não gostei da minha roupa,vou colocar uma que eu goste.''
Assim,a boneca despiu a alemã,vestiu-a com seu kimono de flores e colocou seu vestido de saia rodada.
''Isso,agora eu quero ter olhões grandes e coloridos!!''
Com muito cuidado,desceu até a mesa do artesão,pegou um pincel e olhando através de um facão reluzente,pintou seus olhos de azul cor do céu.
''Só falta o meu cabelo,agora!!''
E voltando para o seu lugar na estante mais alta,pediu ao palhaço de cartola que a ajudasse a desmanchar seu penteado esquisito.
E seus cabelos caíram sobre seus ombros,cumpridos até os pés.
E foi se olhar num caco de espelho esquecido atrás de um violino quebrado,no final da estante.
O vestido rodado ficou largo.
Seus olhos estavam borrados.
Seus longos cabelos estavam cheios de marcas,e de cola,pois foi feito para ficar daquele jeito.
Antes que ela e o palhaço pudessem dizer qualquer coisa,ouviu-se um ruído,e logo a porta se abriu.
A boneca se colocou no seu lugar imediatamente,assim como o palhaço se colocou ao lado do violino quebrado.Logo viu-se a figura do artesão,e de mais duas pessoas entrando.
Um homem barrigudo,de terno,e com ele uma moça.
Quando a boneca a viu,quase não acreditou.Ela tinha o mesmo penteado esquisito e o mesmo vestido apertado.Seus olhinhos tão pequeninos e apertados,e sua pele tão branca que parecia feita de algodão.
O artesão,estava muito empolgado com a presença do casal,principalmente da moça.Ele falava de sua beleza como se fosse um poeta.
''Você é mais bela que flor!!Tão prendada,tão culta!Um salgueiro,e sua força e delicadeza!Mal posso esperar para mostrar sua encomenda!Está tão bela quanto você!!''
E foi se dirigindo ao lugar onde havia deixado a boneca.E quando olhou para ela,um susto.
''Mas,para onde foi a minha boneca japonesa?''
E vendo a moça a boneca que o artesão havia feito,ficou horrorizada.
''Mas isso não é uma boneca japonesa!Com esse vestido assim,e esse cabelo desgrenhado?E por que esses olhos borrados de azul?Essa boneca não vale nada.''
E foram embora deixando o artesão sem jeito,olhando para sua ''obra prima''.
''Não entendi...''
E a colocou na estante mais alta,do lado do palhaço de cartola.
E a boneca recomeça o choro.
''Mas e agora,por que você chora?'' perguntou o palhaço já sabendo a resposta.
''Poxa,antes eu era a mais diferente,a mais valiosa!A única boneca japonesa!A única feita para ser contemplada,e não para que uma menina mimada brincasse comigo ate enjoar e me jogar fora.Eu seria como uma peça de arte,colocada num lugar que todos pudesse ver como eu era bela!Eu quis ser igual às outras bonecas e fui jogada na estante!!Nunca mais ninguém vai me achar bonita!!''
E soluçou,e chorou,e adormeceu.
O palhaço a pegou no colo,deu um beijo,e falou baixinho: ''Você vai ser a minha boneca japonesa,e eu sempre vou te achar bonita.''
''Essa boneca vai valer muito dinheiro!'' pensou,já se encaminhando para o centro da cidade,para comprar uma linda caixa para guardar a boneca.
Ao bater da porta,a boneca acordou num susto.Piscou o olho 2 vezes.Olhou à sua volta. ''Mas que dor nas costas!'' falou baixinho.Olhou para si mesma.Piscou mais 2 vezes.''Ora!Por que sou tão branca e pequena?E essa roupa tão apertada?''.E se inclinou,e se contorceu...se olhou de trás.''O artesão deveria ter feito minha roupa como fez da camponesa alemã.Uma saia rodada verde,com sapatinho de verniz!Cabelos longos e loiros,olhos como o céu!! Mas não,me fez de cabelos pretos num penteado esquisito,com esses olhinhos tão pequenos.Como poderei ver minha companhia?Quem irá brincar comigo?''
E assim a boneca chorou.
Vendo sua tristeza,o palhaço de cartola que viu todo o seu lamento disse ''Mas por que tanta tristeza?Não ouviu o artesão dizer que você é sua obra prima?''
''Você não entende!É um palhaço de cartola.Eu não quero ser obra prima,quero ser bonita como as outras bonecas!Olhe só,elas têm laçarotes no cabelo,saias com fitas coloridas,grande olhões coloridos,e cabelos longos que dão pra pentear...''
''Se é isso que te deixa triste,por que você não solta o cabelo,pinta seu olho e coloca um vestido com uma saia rodada?''
Por um instante a boneca parou de chorar,e começou a pensar que talvez o palhaço de cartola pudesse ter razão.
''Já que eu não gostei da minha roupa,vou colocar uma que eu goste.''
Assim,a boneca despiu a alemã,vestiu-a com seu kimono de flores e colocou seu vestido de saia rodada.
''Isso,agora eu quero ter olhões grandes e coloridos!!''
Com muito cuidado,desceu até a mesa do artesão,pegou um pincel e olhando através de um facão reluzente,pintou seus olhos de azul cor do céu.
''Só falta o meu cabelo,agora!!''
E voltando para o seu lugar na estante mais alta,pediu ao palhaço de cartola que a ajudasse a desmanchar seu penteado esquisito.
E seus cabelos caíram sobre seus ombros,cumpridos até os pés.
E foi se olhar num caco de espelho esquecido atrás de um violino quebrado,no final da estante.
O vestido rodado ficou largo.
Seus olhos estavam borrados.
Seus longos cabelos estavam cheios de marcas,e de cola,pois foi feito para ficar daquele jeito.
Antes que ela e o palhaço pudessem dizer qualquer coisa,ouviu-se um ruído,e logo a porta se abriu.
A boneca se colocou no seu lugar imediatamente,assim como o palhaço se colocou ao lado do violino quebrado.Logo viu-se a figura do artesão,e de mais duas pessoas entrando.
Um homem barrigudo,de terno,e com ele uma moça.
Quando a boneca a viu,quase não acreditou.Ela tinha o mesmo penteado esquisito e o mesmo vestido apertado.Seus olhinhos tão pequeninos e apertados,e sua pele tão branca que parecia feita de algodão.
O artesão,estava muito empolgado com a presença do casal,principalmente da moça.Ele falava de sua beleza como se fosse um poeta.
''Você é mais bela que flor!!Tão prendada,tão culta!Um salgueiro,e sua força e delicadeza!Mal posso esperar para mostrar sua encomenda!Está tão bela quanto você!!''
E foi se dirigindo ao lugar onde havia deixado a boneca.E quando olhou para ela,um susto.
''Mas,para onde foi a minha boneca japonesa?''
E vendo a moça a boneca que o artesão havia feito,ficou horrorizada.
''Mas isso não é uma boneca japonesa!Com esse vestido assim,e esse cabelo desgrenhado?E por que esses olhos borrados de azul?Essa boneca não vale nada.''
E foram embora deixando o artesão sem jeito,olhando para sua ''obra prima''.
''Não entendi...''
E a colocou na estante mais alta,do lado do palhaço de cartola.
E a boneca recomeça o choro.
''Mas e agora,por que você chora?'' perguntou o palhaço já sabendo a resposta.
''Poxa,antes eu era a mais diferente,a mais valiosa!A única boneca japonesa!A única feita para ser contemplada,e não para que uma menina mimada brincasse comigo ate enjoar e me jogar fora.Eu seria como uma peça de arte,colocada num lugar que todos pudesse ver como eu era bela!Eu quis ser igual às outras bonecas e fui jogada na estante!!Nunca mais ninguém vai me achar bonita!!''
E soluçou,e chorou,e adormeceu.
O palhaço a pegou no colo,deu um beijo,e falou baixinho: ''Você vai ser a minha boneca japonesa,e eu sempre vou te achar bonita.''
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