quinta-feira, 8 de julho de 2010

Boiada humana


Quando a Praça XV se aproxima,e de longe se observa as barcas,os bois já começam a se ajuntar.E vão adestrados comprar seus bilhetes,em bando,enfiando-os na máquina e passando a roleta.

Lá dentro,perto do cais,eles se ajuntam,e ficam se apertando,e esperam o momento de embarcar.

Alguns vão para as lojas de ração,e comem ali mesmo.Outros,imóveis,olham fixos para o horizonte,observando o mar,a ponte,a ilha fiscal.Tem aqueles que mujem alto nos seus telefones celulares,e outros que se isolam em seus mundinhos escutando musicas em mp3.

E a barca se aproxima,e assim,os bois começam um movimento involuntário,de um lado para o outro,onde dá pra ver as várias cabeças formando um pequeno mar em suas ondinhas tímidas.Parece uma espécie de preparação,como que juntando energia para começar a procissão rumo à embarcação.

As porteiras são abertas,e os bois marcham para a barca.Nisso,ligam um ventilador que solta gotículas de água para o conforto a boiada.Até bois precisam se refrescar de vez em quando.Mas para aqueles que se sentem sufocados no meio de tanto boi,aquilo é um alívio,uma brechinha de ar fresco.

Entre a barca e o chão,uma pontezinha de ferro que balança com o movimento da água.Pra cima...Pra baixo...E a boiada fazendo peso na pontezinha.Não há uma só vez em que eu passe por essa ponte sem pensar como seria o desastre dela afundando com todos os boizinhos.

A boiada embarca,e o boiadeiro de colete laranja na porta dá as instruções,como se a boiada não o soubesse.Deve ser por que ele se acha um boiadeiro,quando na verdade é apenas mais um boi de colete.

(20 minutos)

Desembarcando,a boiada segue seu rumo,e mesmo quem não conhece o caminho até a rua,não precisa se preocupar,pois o bando vai te levando(mesmo tendo aqueles bois que insistem em fazer ultrapassagens perigosas,ou fechadas,que teriam sido evitadas se existisse seta para bois como existe para carros)até a saída.

E o bando vai se dispersando,cada boi seguindo seu caminho.E com a dispersão,os bois tornam-se pessoas novamente,que seguem seus rumos.Agora,cada pessoa tem o seu destino,suas ruas,seus pontos de ônibus,seus compromissos;não como antes,que eram obrigados a dividir um mesmo objetivo e um mesmo rumo.


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